sábado, 23 de março de 2013

On The Road (Jack Kerouac) ★★★★★


Bom, se o assunto vai ser literatura, nada mais justo do que eu começar logo com o meu livro favorito, “On The Road”, do Jack kerouac. Esse foi, de longe, o livro que mais me marcou até hoje.


Para quem não é familiarizado com a história, "On the Road" nada mais é do que o relato semi auto-biográfico das viagens do autor pelos Estados Unidos, la pelos anos 40, viagens essas regradas por muito sexo, drogas e Jazz. Kerouac ( "Sal Paradise" no livro) viaja pela lendária Rota 66, de leste a oeste do Estados Unidos, na maioria das vezes pegando carona e com pouco dinheiro, e outras vezes com alguns amigos bem loucos na traseira de um carro velho qualquer, parando em qualquer cidade atrás de um pouco de vida, seja la o que isso representasse.

Não vou entrar em detalhes sobre a geração beat, sobre como esse livro influenciou uma geração inteira de cabeludos nos anos 60, ou sobre o fato do Kerouac ter escrito o livro quase inteiro chapado, até porque essas coisas você encontra em qualquer link que aparecer se digitar "on the road" no google, enfim, só vou falar um pouco sobre o que ele significou pra mim.

Jack e Neal
Eu me lembro de que quando começei a ler, a uns dois anos atras, nas primeiras 70 páginas eu estava entediada e um pouco frustrada. Esperava algo diferente de um livro sobre um cara louco que quer atravessar um país inteiro pedindo carona, mas acho que só depois de um tempo de leitura que fui entender sobre o que realmente ele se trata.  A prosa de Kerouac, tão fluida  e super adjetivada, faz com que voce se sinta de fato em uma estrada, em uma cidade triste de algum canto da América, ao lado de uma cara louco que não se importa com nada além do Sól sobre sua cabeça e com a infinita estrada a sua frente e com as infinitas possibilidades que ela oferece. Era um universo novo para mim esse apresentado no livro, um universo sem apego a qualquer regra imposta pela moral ocidental. Entender isso e, acima de tudo, aceitar isso, é o primeiro passo para se compreender a história, com tudo o que ela tem pra te ensinar.
E ela tem muito a ensinar, principalmente para pessoas que não se dão muito bem com esse estilo de vida convencional que lhes é imposto. De minha parte, sempre tive um quedinha por viagens sem rumo e por qualquer coisa que envolva a contracultura dos anos 60 ou de qualquer época.

"Estávamos dirigindo para o oeste, rumo do Sol, podíamos senti-lo através da janela do para brisa." 



E é isso, Sal cruza os Estados Unidos de ponta a ponta, com seu amigo Dean Moriarty ( Neal Cassady) e a namorada dele, Marylou, literalmente nus  e literalmente chapados na maoir parte do tempo, parando em cada cidade para conseguir algum dinheiro, alguma comida, alguma garota e um pouco do bom Jazz e do velho blues daquela época. De Nova Jersey a Denver, de Denver a São Francisco, com um carro roubado ou no vagão de um trem, não importava.
Acho que é por isso que esse livro se transformou no mito que é hoje, pois seus personagens representam a mente de uma geração inteira, uma geração que  deixou de lado os convencionalismos e foi em busca de uma alternativa que fugisse do vazio e fadado ao fracasso "American Dream".  "On the Road", para mim pelo menos, nada mais é do que um livro sobre liberdade e sobre pessoas que conseguiram entender o que ela significa e  tiveram coragem suficiente para vive-la.

"Agora dê uma olhada nesse pessoal aí na frente. Estão preocupados, contando os quilômetros, pensando onde irão dormir esta noite, quanto dinheiro vão gastar em gasolina, se o tempo estará bom, de que maneira chegarão aonde pretendem... e tudo isso não passa, você sabe, de pura infelicidade, e durante todo esse tempo a vida passa voando por eles, e eles sabem disso, e isso também os preocupa, num círculo vicioso que não tem fim."

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